Aprender a Ler, a Escrever e a Contar

Aprender a ler e escrever é dos maiores desafios da infância. As crianças não só devem estar cognitivamente aptas para aprender, como também emocionalmente disponíveis.

A maturidade, ou seja a nossa disponibilidade para aprender não chega a todos ao mesmo tempo, já para não falar que, na entrada para o primeiro ciclo, nem todas as crianças já têm os 6 anos feitos. Nestas idades 12 meses ainda faz muita diferença no desenvolvimento cognitivo e emocional. Desta forma muitos pais nos procuram para fazer a chamada avaliação de entrada para o 1ºAno. Aqui conseguimos perceber quais são os recursos cognitivos que a criança apresenta (no momento) e perceber a sua disponibilidade para os usar.

Aprender a ler e a escrever tem todo um processo neurológico (descodificação dos sons), visual, auditivo, cognitivo e emocional na base.

Uma criança que não ouve ou veja bem como é evidente terá as suas dificuldades na aquisição da leitura. Desta forma é sempre recomendado fazer um despiste visual e auditivo também.

Não podemos deixar de fora o factor emocional! A disponibilidade para aprender é essencial.  Ganhar gosto e coragem para crescer são dois factores que também não devem ser ignorados!

De qualquer forma é com 6 anos feitos (até setembro ou não) que as crianças ingressam no primeiro ano. Actualmente, já são muitos os pais que surgem em consulta com a dúvida se os filhos estarão preparados para enfrentar este desafio! Conseguem perceber que ainda são imaturos e que talvez brincar mais um ano teria, ou não, todos os benefícios. Não é assim tão linear… Pessoalmente não sou muito a favor do adiamento ou adiantamento de escolaridade, sobretudo se comprometer a socialização.

É suposto no primeiro ano as crianças aprenderem a ler e a escrever. Cada escola com o seu método de leitura, mas pela altura da Páscoa, já todas as crianças deverão saber ler de forma (quase) autónoma. Não é uma corrida, mas há sempre quem consiga chegar primeiro à meta. O nosso desenvolvimento cognitivo não é igual para todos. Cada criança tem o seu ritmo, velocidade de trabalho e aprendizagem.

Na passagem para o segundo ano é por vezes quando surgem os maiores problemas, ou pelo menos onde os professores e os pais notam que pode haver alguma questão a comprometer este processo. A Língua Portuguesa não é de todo fácil de aprender. Há muitas regras gramaticais, muitos casos especiais de leitura e aquelas casos onde não há regra nem justificação. Como caso de “xilofone” que tem o som “ch” se escrever com a letra x e não com ch.

Desta forma a complexidade é muita e as crianças necessitam de tempo para consolidar todas estas regras e conseguir automatizar todo o processo.

Surgem nesta altura os pedidos ou as suspeitas de Dislexia. Sem falar nos factores genéticos e/ou hereditários,  a verdadeira dislexia não é muito frequente.

É essencial haver uma avaliação de consciência fonológica, para tentar perceber se há ou não dificuldade em descodificar os sons que ouvimos. A forma como ouvimos será a forma como os vamos escrever. E se houver alguma falha, todo o processo de aprendizagem fica comprometido.

Além da Dislexia, e até mais frequentemente podemos encontrar:

  • Disgrafia (afeta o grafismo e a capacidade de se exprimir pela via da escrita);
  • Disortografia (nível da construção frásica que se apresenta pobre e ao nível da ortografia observa-se frequentes e variados erros ortográficos);
  • Discalculia (défice na matemática, associada a dificuldades ao nível do cálculo e do raciocínio lógico-matemático);

Como já referi em cima, é fundamental realizar uma avaliação sempre que haja suspeita de alguma dificuldade. Quanto mais cedo actuarmos, mais cedo se consolida todo o processo de aquisição da leitura e da escrita, e mais depressa superamos as dificuldades. As crianças ficam mais confiantes, mais motivadas e por fim mais felizes!

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